Esses dias, estava um pouco livre no estágio e uma coisa me veio à cabeça – não sei se todos sabem, mas eu estudo economia e isso faz com que, de vez em quando, eu me perca pensando em números.

Normalmente, o ano têm duzentos e cinquenta e dois dias úteis – vamos desconsiderar exceções para não complicar a nossa vida, rs. Quase sempre uma pessoa que trabalha recebe trinta dias para tirar férias – eu sei que existem lugares que disponibilizam um período maior, mas de novo, vamos simplificar. Isso significa que subtraindo esse período free do ano útil e fazendo a proporção, nós trabalhamos em média sete dias para ganhar um dia de descanso.

Essa proporção de sete dias trabalhando para acumular dias de férias me deixou um pouco assustada. E eu digo isso porque estou tão acostumada a ver as pessoas infelizes em seus empregos, odiando suas funções e não entendendo a finalidade do que fazem que eu fiquei pensando, “eu preciso ser assim também?” Fui com a pergunta pra casa e fiquei remoendo esses números um pouquinho.

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Eu tive muita sorte na hora de escolher o meu curso, mesmo. Economia é um caso de amor que não consigo explicar. Fico encantada com os números, os debates, o desenvolvimento dos raciocínios e a mistura do analítico e humano que a área demanda. Mas isso não significa que eu já saiba em qual área da economia eu quero atuar. Não sei se quero passar meus dias em um escritório, operar na Bolsa de Valores, me mudar para fora ou continuar no Brasil, ser uma figura acadêmica, uma concursada política, simplesmente abrir uma livraria com um café em uma esquina bonita da Savassi ou sair viajando por aí. São essas e muitas outras opções e todas elas de algum jeito me interessam.

A minha irmã mais nova está prestando vestibular e toda vez que eu a vejo estudando, vejo a mim mesma, três anos atrás, na frente dos livros. Quando fiz o vestibular, pensei que aquela seria uma das coisas mais importantes que eu faria na vida. Hoje, olhando para trás, eu percebo que é sim extremamente importante, mas que não é uma decisão para a vida toda, como todas as pessoas parecem nos forçar a acreditar. É um exercício de autoconhecimento! Nada é fixo. Se escolheu o curso errado, mude. Se não sabe o que quer da sua carreira, não tem problema!

Hoje em dias as pessoas debatem muito sobre a tal geração Y, na qual me identifico em vários pontos. Um resumo bem rápido: é a geração que busca trabalhar por prazer, está acostumada com a comunicação constante, tratando assuntos que enxergam sentido e reinventando padrões a todo momento. Tudo isso muito rápido e com alto nível de competitividade. O que é muito diferente da X, que buscou traçar uma carreira e trabalhou com foco em ter uma vida financeiramente estável. Eu já vivi essa diferença um pouco na pele. Já fiz um trabalho com a promessa de uma carreira promissora e uma rotina confortável, mas eu saí porque simplesmente não era aquilo que me fazia feliz.

Então, você para e pensa: hoje o mundo muda tão rápido. As coisas são tão flexíveis, tão integradas, há tanto a ser explorado. Por que não sermos criativo? Por que não buscar novos caminhos, ir atrás do que faz sentido? Hoje é possível tornar uma grande ideia em realidade com poucos recursos. Não é mais preciso rios de dinheiro para tornar uma visão realidade, e sim muito trabalho duro! Muita determinação.

Pelo menos é isso que eu tenho visto, seja nos jornais quando um adolescente alemão desenvolve um novo método de reaproveitar água sem ser preciso um laboratório, ou aqui perto quando uma empresa brasileira que começa do zero vem ganhando espaço mesmo com a crise. Isso sem contar o que a internet pode impulsar, como o aluno de uma faculdade americana que criou um site para reunir e criar meios para pessoas dispostas a trabalhar e estudar fora, ou os gêmeos britânicos que com uma série no YouTube arrecadaram recursos para instituições que lutam contra o câncer. E por aí vai.

Depois de pensar sobre tudo isso, volto a fazer a minha pergunta. E aí? Eu preciso ser infeliz com o meu trabalho? Preciso de sete dias me sentindo obrigada para ter um dia feliz? Claro que não! O ideal definitivamente é passar esses sete dias “obrigados” com muito prazer, fazendo algo pelo qual tenhamos paixão. E se demorarmos para encontrá-la, tudo bem. Existe um mundo de oportunidades prontas para serem exploradas e isso só depende da gente!

6 comentários em “Um pouco de matemática

  1. Seu blog é lindo ! Adorei os textos e me identifiquei muito com esse em especial.Realmente quando prestamos o vestibular pensamos que estamos fazendo uma escolha sem voltas mas depois do primeiro período de faculdade a gente começa a ver tudo de uma forma mais flexível.

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  2. Mari (me fazendo de intima, hihi) eu simplesmente amei seu texto, porque concordo com cada palavrinha que escreveu. Estamos tão acomodados em se tentarmos uma vez e se der pra levar, levamos assim de qualquer jeito que as vezes não abrimos nossos olhos e enxergamos que podemos sim fazermos o que amamos, porque só dessa forma seremos realmente felizes.
    Está de parabéns com a cordialidade de seus pensamentos e com seu blog, é lindo!
    Beijão, Liz.

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    1. Ei Liz! Pode ser íntima sim, tem dessa não! Haha 😉
      E eu amei seu comentário! Fico muito feliz em ver que tem muita gente que pensa assim também. Vale é ser feliz, né? Obrigada pelos elogios, que bom que você gostou! Volta mais aqui, viu? Beijo, Mari

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