Na quarta-feira, só se falava nisso. “Você viu o vídeo? Você viu que cara de pau? Nossa, ela mentiu que ia fazer a unha! Que vagabunda. O gordinho ainda se deu bem, sabia que ele é rico? O corno destruiu o carro.” Não consegui entender a graça. Não entendi as ações dos envolvidos, não entendi porque rimos da desgraça alheia. Pensei que passaria rápido, que as pessoas se contentariam em assistir os vídeos, comentar um pouco e pronto.
Lógico que não.
Não estamos julgando demais? Ninguém aqui os conhece. Não temos o direito de falar nada sobre nenhum dos envolvidos. Todo mundo tem os seus erros. Alguns em proporções maiores, outros menores, mas é da nossa natureza errar. Quem nunca fez algo que se arrependa, que atire a primeira pedra então. Não me entendam mal, estou longe de fazer um texto defendendo a Fabíola. O que ela fez é errado, e muito. Só acho muito estranha toda essa história. Ninguém conhece a relação dos dois.
Sabia que estamos rindo de um casal que tem filhos? Que essas crianças provavelmente vão ser assombrados por essa história até se tornarem adultos? O que está acontecendo com as pessoas?
Estamos assistindo a separação de uma família e ninguém está nem aí. Fico me perguntando onde está nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. E o mais, por que estamos assistindo isso? Descobrir que sua esposa está te traindo não deveria ser um assunto pessoal?! Aí eu me lembro, ninguém liga para o marido. Nem para o amante. A estrela da história é a Fabíola, que traiu, destruiu um lar e provavelmente nunca mais vai conseguir aparecer no trabalho – se é que ela ainda vai ter um. Talvez fosse isso que o seu marido quisesse. Conseguiu se vingar mostrando para todos nós que (aparentemente) ela é a vagabunda da história. Mas quem garante? Ele pode estar sofrendo com isso tanto quanto a Fabíola. De novo, ninguém aqui os conhece.
O que eu quero dizer (e que está me deixando engasgada desde quarta-feira) é muito simples. Não temos o direito. Chega. Pedimos por um mundo melhor, por pessoas amigas, por menos violência, por mais amor. Fazemos a campanha #meuamigosecreto, compartilhamos anúnicos de adoção para animais de rua, participamos de natais solidários, doamos as coisas que não usamos mais. E ainda assim, somos incapazes de sermos solidários aos envolvidos nessa história. Somos incapazes de parar de fazer piada, constantemente tocamos no assunto. Isso não é triste?
Somos um bando de hipócritas. E talvez isso seja o mais errado de toda a história.
Concordo muito! Não foi certo o que ela fez, mas, honestamente, eu não sei nada sobre a vida dessa mulher, pelo que ela estava passando, não vou julgar nem por mais de um segundo. No fim, é isso mesmo, o vexame é dos outros.
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Concordo com cada palavra, Isa!
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Eu não achei graça nenhuma, nenhuma nessa história. Para mim ela foi, do começo ao fim, um erro. Ou uma sucessão de erros. Alguns dizem respeito – ou deveria ser assim – apenas ao casal. Os outros a cada um que compartilhou, curtiu, julgou. Teve jornal grande, de renome, fazendo “”””matéria””” sobre o caso. É triste que nos prestemos a esse tipo de coisa.
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Sério? Não vi essa “materia” sobre o caso! Que coisa, né? Triste demais uma coisa dessas.
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Finalmente um post abordando essa história!
Cansei de ouvir mulheres falando que ‘ela mereceu apanhar’ e me envergonhar por não conseguir demove-las da ideia de que, nós mulheres temos que nos unir e nos defender. Ela tava certa? Não. Mas justifica ele ter tomado tais atitudes? Nunca!
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Mari, te indiquei para o Prêmio Dardos, gostei muito do seu blog!
Aliás esse post descreve o que tenho pensado sobre esse caso ultimamente!
Beijinhos
https://blogmanjericao.wordpress.com/2015/12/27/premio-dardos-yay/
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