Uma reflexão sincera sobre o consumo consciente.

No mês passado, tive a chance de participar de um curso chamado “O Melhor Trabalho do Mundo”, ministrado pela Amadoria. Com um tema desses, era de se esperar que eu saísse de lá com a cabeça a mil por hora – o que de fato aconteceu.

Dos vários assuntos tratados naquela noite, um deles continua no fundo da minha mente me fazendo refletir tanto, mas tanto, que estou aqui escrevendo esse post para você.

 

Em certo ponto, levantamos a seguinte questão: “Quanto dinheiro você realmente precisa?” A discussão tinha como objetivo mostrar para a turma que nem sempre o trabalho dos seus sonhos é sinônimo de não conseguir pagar suas contas, mas acabei fugindo um pouco do raciocínio e extrapolando a reflexão.

No exercício desse tópico, nos deparamos com o seguinte desafio: montar uma tabela com as últimas dez coisas que você consumiu (sem contar alimentação), quanto o valor dessas compras representou na sua renda mensal e o quanto aquilo representou para você, ambos de um a dez. Parece simples, né?

Sabe o que aconteceu? Eu não consegui preencher.

Inicialmente, fiquei perplexa – Aparentemente, eu era a única na sala com dificuldade em preencher a bendita tabela. Simplesmente não conseguia lembrar! Confesso que fiquei preocupada com o meu lapso de memória (vindo de uma família com histórico pesado de Alzheimer, você fica atenta, né?), até que entendi o que aconteceu. Depois de muito pensar (e abrir o extrato do meu cartão), resgatei seis itens. Olhe como ficou a minha tabela:

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Com exceção de ir ao cinema, nenhum dos itens representou mais que quatro na última coluna. Ou seja, nada daquilo que eu tinha comprado teve muita importância para mim, foram meramente compras por impulso. Se fossem compras importantes, que me fizeram feliz ou supriram uma necessidade, eu teria me lembrado. Depois dessa constatação, fiquei um pouco desapontada comigo mesma. Eu não sou uma maluca consumista – sempre cuidei das minhas finanças, mas essa situação não estava legal.

Há três anos, eu estava trabalhando como estagiária pela primeira vez. Um belo dia, ao olhar para a minha pulseira da Life (aquela linda da Vivara) cheia de berloques, levei um susto. O que percebi? Eu tinha vários berloques que eu amava e que representavam algo importante para mim. Mas sabe o que eu tinha também? Vários outros que não me representavam em nada – aliás, tinham até alguns que eu nem achava tão legais.

Naquele momento, eu me dei conta que eu não estava apenas desperdiçando a minha bolsa do estágio em coisas insignificantes, mas também as horas do dia que eu passava trabalhando.

Depois desse ocorrido, prometi a mim mesma que iria me policiar e pensar duas vezes antes de comprar qualquer coisa. Não pense que não funcionou! Durante muito tempo, deixei de gastar com o que não era importante para mim  – e foi incrível o impacto que esse pequeno gesto teve no meu dia-a-dia.

Maaas, como nem tudo são flores (e é por isso que estou escrevendo esse texto, não é?), durante o curso percebi que, aparentemente, eu estava quebrando a promessa que fiz para mim mesma e sendo irresponsável. É válido ter ficado um pouco desapontada, não é?

Depois de muito digerir essa constatação, resolvi me propor um (singelo) desafio para os próximos dois meses. Com exceção da minha alimentação e necessidades básicas, não iria comprar nada até outubro. Nada, nada, nada.

Esse desafio não é nada comparado ao que a Joanna Moura, autora do Um Ano Sem Zara (um dos meus blogs preferidos da vida!) se propôs, mas me pareceu tempo o suficiente para enfraquecer o hábito de entrar em uma loja e simplesmente comprar uma blusa porque ela estava barata, e não porque eu realmente queria ou precisava dela.

Não me entenda mal. Sinto que se não me explicar direito, esse texto pode acabar se tornando um tiro no pé. A questão não é gastar muito ou pouco, mas sim gastar com o que importa. Meu objetivo com esse desafio (e toda a reflexão que você acaba de ler) é focar, e assim, me direcionar para o que realmente tem significado. Por exemplo, por que comprar cinco blusas baratinhas, que eu nem gostei tanto assim, se eu posso economizar para uma viagem? Ou quem sabe, juntar todo esse dinheiro e comprar uma peça mais cara que estou namorando há tempos? Ou ler o livro que está parado na minha estante há menos ao invés de comprar um novo exemplar na livraria? Eu poderia escrever exemplos e mais exemplos, mas você já me entendeu, não é?

 

Depois de um mês e meio de desafio, algumas coisas já mudaram. Descobri várias peças perdidas pelo meu guarda-roupa que eu não usava há séculos. Li dois livros que estavam parados na minha estante, porque simplesmente comprei e acabei os deixando para trás há tempos. Fui na minha loja preferida e não senti vontade de experimentar nenhuma peça (pode rir, mas isso é chocante para mim!). E o melhor, criei o hábito de preencher uma listinha com as coisas que gostaria de comprar, assim depois posso voltar e avaliar se elas realmente fazem sentido ou não.

Por fim, a conclusão que tiro dessa situação toda, curiosamente, é a mesma de três anos atrás. O dinheiro que gastamos é o tempo que usamos para ganhá-lo. E se o tempo é uma coisa tão importante (e escassa), preciso usá-lo de forma consciente. Concorda?

Ps1: A Joanna Moura se propôs a não comprar qualquer coisa durante um ano inteiro, não só na Zara. E para os curiosos de plantão como eu, a primeira coisa que ela comprou depois do desafio foi um par de Havaianas!

4 comentários em “A Louca das Brusinhas 

  1. Gostei muito de ler o teu post. Eu também tenho feito isso, principalmente com roupa. Penso sempre: preciso realmente dessa roupa? E se a resposta foi não, simplesmente não compro.O que tenho feito é afastar-me das peças de roupa “trendy” e escolher coisas que irei usar sempre, apostar nos clássicos. 🙂

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  2. Eu super te entendo! Na semana passada, uma loja super legal da minha cidade tava com uma mega liquida! Do tipo sapato Schutz por 30 reais, sabe? Eis que qdo vi o que eu tinha separado, passava de 500 reais (e a peça mais cara era 40)… enfim, tava a louca de tudo só pq tava barato. Levei um susto comigo mesma! Revisei e no fim das contas, trouxe pra casa uma rasteira, uma sapatilha e um shorts – coisas que realmente uso! Deixei o vestidinho de balada pq né? Que balada que eu vou com uma bebê em casa? haha! Consumir consciente é um exercício diário, e a alimentação tb deve ser revisada, acredito, já que se eu não me policiar, volto pra casa do super com vários vinhos, queijos e outros supérfluos que são caríssimos e nem fazem tanto impacto assim no dia a dia! Bjos

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